O setor dá uma injeção de otimismo no País, disse o presidente Michel Temer ao apresentar o Plano Agrícola e Pecuário de 2017/18. Ele se referiu principalmente ao crescimento da produção registrado no primeiro trimestre, o mais poderoso motor da economia nesse período. O Produto Interno Bruto (PIB) contabilizado entre janeiro e março foi 1% maior que o registrado nos três meses finais de 2016 e isso se deveu basicamente à atividade rural. Um dia depois da cerimônia, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) publicou a nova estimativa da safra de grãos e oleaginosa do ano agrícola 2016/17. O levantamento de junho apontou 234,32 milhões de toneladas, um total 25,6% maior que o da temporada anterior.
O volume estimado em maio havia chegado a 232,02 milhões de toneladas. A maior parte da diferença, de 2,3 milhões de toneladas, provém de uma reestimativa da safra de verão, de 225,63 milhões para 227,94 milhões de toneladas. O resto se refere às culturas de inverno, como trigo, aveia e cevada, com colheita prevista para o segundo semestre.
O aumento da produção de grãos e oleaginosas neste ano é explicável, em parte, pela quebra da safra anterior, consequência das más condições de tempo. Mas o vigor das principais lavouras tem sido, há algumas décadas, garantido essencialmente pelos ganhos de eficiência resultantes da modernização de processos e insumos.
O aumento das colheitas tem dependido essencialmente da maior produção por hectare e muito menos da expansão da área cultivada. Além de ser uma das mais eficientes do mundo, a agricultura brasileira é também poupadora de terras e, portanto, conduzida de forma favorável à preservação da natureza. Esse detalhe tem sido com frequência ignorado, por incompetência ou má-fé, por barulhentos porta-vozes de movimentos ecologistas.
No Brasil, a importância da agropecuária ultrapassa amplamente a contribuição do setor para as exportações e o abastecimento do mercado interno. Essas duas funções são centrais, mas, além disso, a produção rural movimenta uma importante indústria fornecedora de insumos e de equipamentos e supre um poderoso setor de processamento de alimentos e de matérias-primas destinadas a outras finalidades.
O valor total de financiamentos para a temporada 2017/18 é apenas 3,5% maior que o do ano agrícola anterior. Nem chega a compensar a inflação medida pelo índice oficial, mas foi o possível, nesta fase de aperto, como indicou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Representantes da agropecuária reclamaram dos juros, mais baixos que os da safra 2016/17, mas com redução menor que a da Selic, definida pelo Banco Central. Taxas inferiores às do mercado dependem de subsídios oficiais, mais escassos, naturalmente, numa fase de contenção das despesas públicas.
Créditos para custeio e comercialização terão taxas de 7,5% e 8,5%, um ponto inferiores às da safra anterior. Uma redução de dois pontos valerá para os empréstimos destinados a armazenamento e inovação tecnológica. O governo também dará uma grande contribuição se revitalizar os investimentos em rodovias e ferrovias. Boa parte da eficiência produtiva é anulada quando se trata de levar a produção ao mercado interno e aos portos.
Fonte: O Estado de S.Paulo